Artes Plásticas
RELEVOS, individual, 1986
Até o momento, Luís Fernando Couto era conhecido como o artista habilidoso que faz miniaturas de carros e de instrumentos musicais em papelão. Também já foram admirados pelo público suas maquetes de palco, cenários em miniaturas de um grande show de música imaginário.
Esta exposição mostra os resultados do desdobramento recente do trabalho de Luís Fernando Couto, que abandonou a representação do real para ingressar na abstração. Seus atuais relevos em papel-tela pintados com tinta acrílica e montados como quadros têm algo em comum com os trabalhos das etapas anteriores: agora, como antes, trata-se de dar forma e volume ao papel, retirá-lo do plano para as três dimensões.
O aproveitamento da técnica de concepção de miniaturas foi possível graças a “descoberta” do papel-tela, que, além de ser encorpado o bastante para ganhar relevo, dando a textura da tela tradicional de pano, usada em pinturas, onde o artista faz algumas incursões experimentais. O domínio da técnica de dar forma ao papel possibilita a criação destes relevos abstratos, com preferência pela geometria de linhas, triângulos, quadrados e círculos.
Sua pintura é parcimoniosa no uso da cor, explorando principalmente o branco e preto, o cinza e o metal, conjugados às sombras que os volumes projetam uns sobre os outros e sobre o plano. São as tonalidades da cidade, cuja arquitetura traduz-se no olhar do artista, em um jogo gráfico de volumes, vértices, saliências, áreas de luz e de sombras.
É, pois como a tradução plástica das imagens que o mundo oferece, filtradas pela imaginação e concretizadas em papel-tela, que os relevos de Luís Fernando Couto podem ser compreendidos.
Neles estão presentes, simultaneamente e cumulativamente a experiência do desenhista, do artista gráfico e do artesão do papel. A este acrescenta-se agora, com destaque, a coragem de aventura-se no terreno novo destes relevos.
Elisabeth Travassos, curadora